Ao longo da minha vida de empresário, já vi empresas subirem de forma meteórica, sustentarem por algum tempo uma posição de destaque e inexplicavelmente começarem um processo de declínio até chegarem literalmente à falência.
Por que isso ocorre? Será que a empresa errou na gestão? No marketing? Talvez na inovação? Ou será que os concorrentes chegaram, nivelaram e ultrapassaram deixando-a para trás?
É perfeitamente normal para as empresas que crescem e aparecem se tornarem referência para as outras, exigindo que fiquem cada vez mais atentas com o seu protagonismo e procurem estar sempre um passo à frente da concorrência. Quando isso não ocorre e as decisões equivocadas começam a impactar o caixa e a sobrevivência da empresa, fica a pergunta: Qual é o verdadeiro papel do executivo na responsabilidade dos resultados ruins que chegaram?
Para responder isso temos que pensar que muitas vezes o próprio mercado não sabe o que ocorre na parte de dentro dos portões da empresa. O sucesso imediato e espetacular de alguns negócios trazem nesse pacote, além de uma enorme euforia e felicidade dos gestores, investidores e executivos, uma guerra surda pelo poder “da criação”, ou seja, a assinatura paterna, ou o famoso “o pai da criança”.
Já tomei decisões corajosas na minha vida de empresário, desde ir até o fim em uma ideia que acredito e colher os resultados, até recuar em determinadas situações onde soou o sinal de alerta, juntar os cacos e seguir em frente. Nunca me importei com o que as pessoas, os concorrentes, a comunidade iria pensar de mim, o meu foco sempre esteve fixo na solução ou no desafio do meu negócio, simples assim!
A Síndrome do VOA
O problema é que muitos executivos de mercado, de empresas de qualquer tamanho, não pensam exatamente assim. Em algum momento podem adquirir a Síndrome do VOA: Vaidade – Orgulho – Arrogância. Essa síndrome nos executivos (aqueles que detêm posição estratégica e de comando), atua e afeta os resultados da empresa da seguinte forma:
Vaidade
Muitos executivos têm sua vaidade exacerbada, são incapazes de reconhecer seus pontos de melhoria e se sustentam por capacidade técnica ou liderança.
Orgulho
Executivos orgulhosos são comuns. Reconhecem sua necessidade de melhoria ou mudança em certos aspectos, mas não conseguem mudar.
Arrogância
É o mal mais comum entre executivos. No geral, quanto mais alta a posição hierárquica, maior o grau de arrogância e incapacidade de ouvir os outros.
Essas características, juntas ou individualmente, podem ser o fiel da balança que levará a empresa para o buraco, simplesmente porque o executivo, na hora em que precisar tomar decisões importantes e duras, terá esses “obstáculos internos” que irão travar qualquer processo de mudança ou reposicionamento do negócio.
Alguns Exemplos
Podemos citar inúmeros casos, mas darei exemplos de 3 empresas que foram “quase imortais” no seu tempo e hoje viraram areia no deserto devido à sua supremacia e viseira comportamental dos seus executivos que as impediram de enxergar o futuro imediato:
Xerox
Ícone e sinônimo de fotocópias de papel, imperou por muitos anos e foi cantada em prosa e verso em todo o mundo pela sua excelência. Ela não faliu exatamente, mas vale muito menos do que duas décadas atrás, mesmo sendo uma das companhias que ajudaram a criar várias tecnologias que usamos atualmente – com um dos times mais inovadores de toda a história.
Kodak
Outra história fantástica de marca super popular, reconhecida, praticamente sinônimo de seu setor e que faliu por falta de inovação, prepotência e arrogância em se achar imbatível e eterna. Na década de 1970, a Kodak chegou a ser dona de 80% da venda das câmeras e de 90% de filmes fotográficos. Faliu em 2012.
Blackberry
Mais uma grande empresa que faliu recentemente e que você vai lembrar do que ocorreu. A real inventora do smartphone foi a RIM no começo dos anos 2000. A companhia chegou a ter mais de 50% do mercado de celulares nos Estados Unidos, em 2007. Contudo, naquele mesmo ano, começou a sua derrocada.
O primeiro iPhone foi lançado no dia 29 de junho de 2007. A Blackberry ignorou as tecnologias que o iPhone estava trazendo, como o touch-screen e julgou que a empresa nunca seria capaz de se tornar o standard corporativo por não conseguir lidar com a segurança a nível de e-mail empresarial. A seguir veio a Apple para dar a paulada final. A empresa hoje tenta se reerguer.
A conclusão que chegamos é que, por menor que seja a empresa, é aconselhável que o gestor ou executivo tenha sempre pessoas capacitadas para ajudá-lo em seus processos de tomadas de decisões.
Nas empresas maiores, os CEOs têm um Conselho de Administração para frear atitudes não condizentes com as práticas organizacionais, mas e nas menores? Neste caso eu sugiro que elas tenham sempre a figura de um Mentor profissional para acompanhar sua trajetória e poder discutir em igualdade de condições as estratégias e as pedras do caminho.
Abraços e até a próxima!
— Wallace Vieira é empresário experiente e atua com Mentoria aliada à inovação para empresas e empreendedores.